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Rebaixamento de Aquífero na Mineração

          Desde que o homem começou a explorar os recursos minerais existem evidências da estreita relação da mineração com a água subterrânea, seja através da captação para viabilizar condições de trabalho na lavra ou para o rebaixamento de aquíferos. Juntamente com essa relação, também estão ligados os problemas ambientais gerados pelo rebaixamento de aquíferos na atividade mineira.

            O rebaixamento de nível d'água subterrânea consiste em uma série de técnicas utilizadas para que a água de um aquífero seja removida de forma temporária ou permanente. Esse método é comum em diversas construções civis, em que se busca um rebaixamento momentâneo e rápido, apenas até que a obra seja concluída. Já na atividade mineira a alteração no lençol freático pode iniciar um ou dois anos antes da lavra atingir o nível d'água e durará todo o período de atividade da mina.

            Um projeto de rebaixamento de aquífero exige diversas informações que precisam ser conhecidas através de estudos da área, dentre elas estão: conhecimento pleno do sistema aquífero afetado, parâmetros hidrodinâmicos, linhas de fluxo, conexões hidráulicas entre aquíferos vizinhos, áreas de recarga e descarga (mapeamento detalhado de nascentes); rede de monitoramento piezométrico, fluviométrico e pluviométrico, avaliada e atualizada constantemente; agilidade no controle operacional da produção do sistema de rebaixamento em harmonia com o projeto de lavra.

            Assim, possuindo todos os parâmetros é feita uma análise detalhada dos resultados e escolhida a técnica mais apropriada a ser utilizada. As técnicas mais empregadas são: esgotamento de valas (baixo custo, fácil instalação e risco de desestruturação do solo), ponteiras filtrantes (baixo custo, instalação rápida e rebaixamento limitado) e poços tubulares com bombas submersas (sem limites para o rebaixamento, instalação em qualquer profundidade e custo elevado).

         Como em qualquer atividade humana que altere o estado original do ambiente, o rebaixamento de lençol freático exige cuidados, principalmente, por tratar-se de águas subterrâneas. A prevenção de problemas ambientais começa com o conhecimento apropriado das atividades de cada uma das etapas de desenvolvimento da mina, dessa forma evitando acidentes de contaminação, como: vazamentos de combustíveis ou de redes de esgotamento sanitário, depósito de materiais perigosos e disposição de resíduos. Mesmo as águas sem contaminantes antrópicos necessitam cautela no descarte, pois pode existir excesso de sulfetos que estavam imersos em água, esses acabam oxidando e solubilizando metais pesados pelo contato com o oxigênio, ou águas bombeadas salgadas ou naturalmente fora dos padrões ambientais que não poderiam ser disponibilizadas ao ambiente.

            Não são apenas problemas referentes a qualidade da água que ocorrem, se houver um uma vazão de exploração desmedida no rebaixamento é possível haver desaparecimento de lagoas, extinção de nascentes,  comprometimento do abastecimento de água potável do local e também depressões, semelhantes a crateras, fenômenos conhecidos por dolinas. As dolinas são depressões em terrenos cársticos formados por rochas calcárias, geralmente, associadas à dissolução do material calcário em água.


         Imagem de um rebaixamento - Mina de Vazante – Zinco – Votorantin Metais           

          A forma mais efetiva para evitar que problemas ambientais sejam causados pelo rebaixamento de aquíferos na mineração é através do controle do nível d’água. Esse controle é realizado por meio do Programa de Monitoramento Hidrogeológico (PMH) e do Modelo Hidrogeológico Conceitual (MHC) que consistem em modernas técnicas de simulação matemática dos fluxos subterrâneos, as quais se destinam a traçar previsões sobre os cenários atuais e futuros dos domínios de interesse e seus possíveis impactos no espaço e no tempo.

Após as atividades de rebaixamento cessadas o aquífero retomará seu nível natural em um determinado período de tempo, podendo levar até mesmo vários anos. Dessa forma, com estudos realizados de maneira correta, técnica de rebaixamento adequada e controle de nível d’água em dia é perfeitamente possível praticar o rebaixamento de aquífero para a mineração sem grandes danos ao meio ambiente.

Por Gustavo Leandro Tomazi

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